quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Obrigada e Desculpa

(olha que palavras inerentes, hein?!)

Eu gosto de chamar as coisas pelos seus nomes.

Eu tenho uma mãe e chamo-a de 'mãe'.
Tenho um pai que chamo de 'pai'.
À irmã Maria chamo 'Maria'. À irmã Ana chamo 'Ana'. Se eu tivesse apenas uma irmã chamá-la-ia de 'irmã'.

Os carros são carros, a água é água, as bolachas dão-se pelo nome de bolachas.
Para tudo há uma palavra e é por ela que se deve chamar.
Ajuda diz-se ajuda e medo diz-se medo. Caos diz-se caos.
Amigo diz-se amigo.

Dei por mim a pensar 'que nome terei eu?'. Amiga? Daniela? Dan? Niela? Coisa? Pessoa? Conhecida? Horrível? Egoísta? Maricas? Porca?
Que nome será adequado para mim?
Ao longo da vida (sabendo-a efémera, e, no entanto, tentado torná-la mais cheia) fui criando alteregos. As sementes que plantei cresceram em raízes tão poderosas que neste momento me é difícil definir-me.
Já tentei ser Wingiel, mas já não sou capaz de não sentir.
Tentei Siva, mas a frieza desapareceu.
Kairi? Os tempos emq eu era capaz de mentir...

Oq aconteceu então às minhas defesas? Porque me tornei em alguém que não conheço? Frágil, capaz de chorar, capaz de sorrir com momentos banais do dia a dia. Mais!, esses momentos, que anteriormente seriam rotulados de inúteis, são agora aquilo por que anseio. Algo que me faça sorrir! Tornei-me assim tão podre? Capaz de lutar, querer, desejar?
Não posso acreditar que foi nisto que me tornei... Naquilo que toda a minha vida repeti para mim mesma que não ia acontecer. Não se ia entranhar em mim. Já passeia nas veias e é como um veneno, espalha-se lentamente, consome-me por dentro e, pior que tudo, por fora. Faz-me sorrir, sentir... Sentir.
Cedi lentamente aos caprichos interiores, fui deixando morrer à fome as defesas, as barreiras. Desmoronaram-se e não resta muito delas. Haverá um antidoto?

Foi-me feita uma lavagem cerebral e aquilo pelo qual lutei, esmoreceu.
Quando antes eu me convencia que só continua comigo quem quer, agora esforço-me para continuar comigo quem eu quero.
Quando antes eu era capaz de desprezar o ser mais carinhoso, agora esforço-me por não magoar.
...

Esforço?
Então porque não sou simplesmente capaz de usar esse poder e deixar tudo para trás? Voltar a ser quem era, sem dor, sem sofrimento, Wingiel ou Siva, ou quem sabe todas elas juntas.

Eu nem tenho um nome agora.

Sou um ser humano. Igual aos outros milhões de seres humanos.
Que triste, que fraca.

E não ignorando o título: Desculpa e Obrigada. Porque quando pedimos desculpa por alguma coisa é porque reconhecemos que a outra pessoa nos ajudou. E entra sorrateiramente o Obrigada.
Curiosamente duas das palavras mais difíceis de dizer, curiosamente asq mais tenho repetido nos últimos tempos.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Orgulho

Orgulho, porquê orgulho?
Este é um post sobre quase tudo aquilo e aqueles por que ou quem tenho orgulho.

Desenterrando uma memória:
Estou debruçada na varanda de uma casinha acolhedora, olho para a frente e é agradável sentir-me rodeada de árvores. Apesar da chuva, sabe bem. Acabámos de entrar em 2010, são os primeiros minutos. Já abracei todos, já comi as passas e desejei o que tinha a desejar. Estava ali porque me tinha assomado uma súbita vontade de estar sozinha.
Então começo a pensar o porquê. Numa questão de poucos minutos fiz uma retroespectiva de 2009, como aliás alguém, poucos minutos antes me pedira para fazer. Comecei a pensar o quão bem possa ter começado este ano. Mas o quão mal acabou por correr. A quantidade de cadeiras que deixei para trás, os desgostos amorosos, os problemas familiares... Sem dar por ela, as lágrimas caem-me cara abaixo.
Então aparece a Vanessa e abraça-me e diz que eu tenho que ser feliz. Aparece o Artur de seguida e dá-me um beijo amigável na cara, dizem que me adoram. Levam-me para dentro e o Pratas e a Márcia abraçam-me e fazem um ar preocupado.
O André Costa abraça-me e passa-me a mão nas costas e a Ana faz-me festinhas no cabelo. O Luís faz aquela cara de preocupado e dirijo-me ao André Lages timidamente enquanto ele me pergunta "Então miúda?". Abracei-o e disse-lhe que nem era preciso repetir o que já lhe dissera antes.
No fim disto tudo começo a aperceber-me. Começa a não caber em mim o sentimento de orgulho que tenho nos meus amigos, o quanto eu os adoro e eles me adoram.
A parte mais importante de 2009, sem dúvida de 2010 e de todos os anos que se seguirão serão eles.

Não há maneira possivel de descrever o quão grata vos estou.

Bom ano, bros!*