sexta-feira, 26 de março de 2010

Música e Pensamentos

Peguei em mim e fui para o sol.
Aquele sol tímido de primavera que espreita por entre as nuvens.

A melhor hipótese pareceu-me o parque verde. Fui eu e a minha mente.
Estava completamente cheio de famílias, aquelas com a sua estupida felicidade resplandescente na face, nos sorrisos. Pais a tentarem ensinar aos filhos que o escorrega serve para descer e não subir. Filas para os gelados, carrinhos, gritos, choros...
Entretanto, algo que parecia vir de dentro de mim, uma música de saxofone, lento e choroso. Um senhor dentado nos degraus das escadas a tocar, a entrar-me na alma, a fazer-me fugir da falsidade aos montes.

Naquele momento só quis deixar a vida drenar-se completamente do corpo.

Então tudo aquilo me fez pensar, me fez desejar. Quero aprender a andar descalça, quero aprender a comer silvestre, quero aprender a dormir com a luz do dia.
Quero aprender a ser selvagem.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A primeira viagem



Peguei no volante e guiei. Foi a viagem mais longa que fiz a guiar.
Senti que me afastava dos prédios, das pessoas, dos lugares comuns e de mais um dia entediante. Só queria mesmo era sentir-me na alma da Natureza, sentir que havia pelo menos algum sítio onde eu me sentia bem.
Saí para a praia, a praia onde felizmente não estava ninguém, onde pude ao fim de mais de um ano sentir os pés na areia, no mar. Sentir que as coisas naturais me tocavam.
Como precisava de me sentir mais além, tirei do bolso algo que me poderia levar para outros lados, para o céu, quem sabe? Pelo menos para longe das memórias que não queria ter (que inevitavelmente fizeram a sua visitinha do costume).
Saboreei.
Pela primeira vez ao fim de imenso tempo (já lhe perdi a conta) consegui estar sozinha e confortável, consegui pisar azul ou branco sem olhar, consegui sentar-me à beira mar sem me importar se estava frio.

Ao fim de algumas horas voltei para a viagem, desta vez já menos na lua, voltei à cidade.

Esta foi a primeira viagem de muitas que espero fazer, tantas até não ser preciso eu regressar.