segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Se um dia me encontrares na rua, dir-me-ás q sentes pena doq não fomos?


Havia uma escuridão enorme provinda do seu quarto. Ela acordou e a cabeça dou-lhe tanto que não conseguiu abrir imediatamente os olhos. Depois de algum tempo assim, com uma enorme vontade de os abrir, suspirou bem fundo e levantou-se. Tacteando, andou pelo quarto até à casa de banho. Assim que apalpou o lavatório abriu os olhos e, imediatamente, um pingo de lágrima bateu na louça emitindo um som que a magoava por não querer ter de ouvi-lo. Foi totalmente mecânico o murro que deu no espelho, partindo-o antes que ele denunciasse o seu estado. Saiu a custo, respirando fundo várias vezes e obrigando-se a controlar-se. Foi com incrivel lentidão que se vestiu e arranjou para sair da casa.

Não queria nunca mais envolver-se com ninguém, pois ao tentar fazer tudo correcto só havia magoado as pessoas. Queria fechar-se, ser fria e nunca mais ter de sentir nada de bem ou que trouxesse felicidade a ela ou a outréns. Fora a muito custo que aceitara tudo o que acontecera, talvez a frieza fosse o que lhe faltara anteriormente. Ou seria o que ela tinha tido a mais? Tudo fora perfeito, mas a sua complexidade atraiçoara-a.
São tantos corpos, andam, convivem, sobrevivem.. Por vezes chocam uns com os outros, andam por aí tendo contacto com os outros sem saberem quem são. Tanto contacto físico, porque nao mental? São os soldados mas por quem batalham? Quer ser criança e não pensar em ti. Não saber que existes e que um dia vais aparecer e fazê-la chorar de alegria, prazer e depois dor... Quem és tu? Não a deixes. Mas não fales para ela. Sê meigo mas não lhe toques. O que queres tu afinal e, antes de mais, o que quer ela? Acções que toma sem pensar, magoa mas sabe perdoar. Quere-la? Ela não.

Concentra-se na rua, no contacto físico e breve com estranhos. Há caras conhecidas por vezes mas não as quer ver. Deixem-na ser! Não quer ninguém, mas dói. Que sonho em que se criou, em que é feliz e triste mas não se encontra no mundo concreto... Tem pavor das tuas palavras, do teu olhar, das tuas acções, do que fazes mas principalmente do que não fazes com ela. Não podia simplesmente ter morrido no momento a seguir a ser feliz? Podia e não teria mais alegrias, mas nem mais tristezas.
Sente, sente e quer sentir. Mas nem sempre o que se sente supostamente ou deveramente. Certamente o que se sente não é ela que sente, mas quem é? Momentos mágicos que quer repetir mas não sabe, nem sequer sabe agora o que é correcto ou incorrecto. Foge dela, sentido, que ela contigo não sabe viver, pois não sabe achar ou sentir. Vai embora que sem ti prefere ser. Será que sabe? Sente, mas quer sentir... Porque foi e é, será e quererá, dá, recebe e nunca sai do sítio. Luta, rebaixa-se, chora, implora, treme, tenta e nunca consegue. Quer e dizes-lhe que para ter basta querer, mas e o poder?

Quer ser. Deixa-la?

Deambulou pelo passeio, sabendo que nunca iria realmente entender. Entrou em casa e passou as mãos pelos braços frios, sentindo que o pijama só não a aquecia. Antes de os pais chegarem, ela fechou os olhos e carregou no botão.




Dan.

Um comentário:

  1. "Hey you rotting in your alcoholic shell
    Banging on the walls of your intoxicated mind
    Do you ever wonder why you were left alone
    As your heart grew colder and finally turned to stone

    Did I punish you for dreaming?
    Did I break your heart and leave you crying?
    Do you ever dream of escaping...
    Don't you ever dream of escaping?

    Pathetic oblivion
    Forgotten hopes buried in your soul's lonely grave
    Pathetic oblivion
    Remember how you were before you locked your heart away

    Did I punish you for dreaming?
    Did I break your heart and leave you crying?
    Do you ever dream of escaping...
    Don't you ever dream of escaping?"

    by Anathema


    Não faças isso. Indo de vale para montanha é normal ter acidentes de percurso ... mas nunca, /nunca/, podes deixar um acidente redefinir todo o percurso que terás no futuro.


    mors

    ResponderExcluir

Opiniões