domingo, 21 de junho de 2009

Last Everything on Earth

Eu desisto.

Pergunta básica: há alguma coisa boa que venha sem acarretar a gémea coisa má? Coisas simples, um dia de sol traz felicidade? Não, vem a chuva mais dia, menos dia. Um sorriso traz felicidade? O sorriso não é fixo à face. Uma boa nota traz felicidade? Qual é o objectivo? Um café com amigos, uma tarde bem passada, um jogo, um cigarro, uma bebida, um desporto, um rapaz, uma criança, uma peça de roupa nova, traz felicidade? Não.
O que é que traz felicidade impenetrável? Nada.
Não entendo o que está para trás, o que vem à frente, não há nada que me faça mover. Piadas fazem-me rir, as palavras que eu quero ouvir fazem-me esquecer. Mas para quê, se daqui a uns segundos, uns dias não valeu a pena?

Eu desisto. Desisto de tentar entender as coisas, o porquê de eu me esforçar para nada, o porquê de eu ainda continuar a insistir em coisas que nem sei se quero, a insistir em coisas que provavelmente não querem ser coisas. Parou tudo, o cérebro cansou-se de pensar sem entender, os membros cansaram-se de gesticular cumprimentos inúteis, o sorriso cansou-se de não ser verdadeiro, a dor cansou-se de se esconder, o futuro cansou-se de brincar ao faz de conta. E eu cansei-me de que tudo isto habite em mim e eu, subitamente, sem sentimentos, sem lutas definidas descobri que o meu maior pesadelo acabou de se tornar realidade.

Não há nada para além disto, hoje. Vinte e um dias à deriva, farta de mandar mensagens em garrafas imaginárias, farta de me consolar com as estrelas e de contar à lua (quando a há) os meus segredos.

Hoje volto para a cama, sozinha, sem mensagem de boa noite, sabendo que não há uma de bons dias, sabendo que não virá nem mais uma. Volto para onde vim e lá fico, quieta e sem hipótese de escolha.

E isto, meus amigos, é o que uma única frase é capaz de provocar em alguém.

Dê.

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